26/11/2011

Johnny


                                 Há um amor não tão breve assim
                                                           Sem pontos finais por favor

O mesmo sol que nasce aqui é o mesmo que nasce ai, olhamos de maneiras distintas, incompletas pela distância da falta material, é como um pedido, e deve ser atendido, sol, o sol das cinco aquele breve, aquele breve raiar de dia em meio o negrume ainda impetuoso que as estrelas e a lua exercem sobre o universo.  Entregamos de ponta a ponta, nossos desejos nossos recados mais secretos, detalhado nesse bom dia saudosista, em que as rosas bebem-se de vida. De cada ponta do mapa, um iceberg nos cerra, como se ao menor tropeçar, suas pedras destruam o nosso enlace. Se existe carne? Não faz a menor diferença, que ela seja destruída, pois nosso amor escala as paredes, de um concreto invisível a matéria. Que só eu e você, podemos nos deleitar, é um teorema, que uma ave roxa carrega no seu bico de ouro, sofrendo o doce e o amargo das diversas intempéries do tempo. Vai-lhe meio que alvoroçada e destroçada pelo vento inimigo, e em boas mãos entrega o pedaço de pergaminho, traçado com uma escrita de amantes ao criador que, por conseguinte, marca a dedo nosso teorema indivisível, no livro da vida.

É amor, o que nos separa é a só saudade, é distância boba, de planícies que me arrancam lagrimas que salgam minha língua. Mais nossos corações, pulsão soando concomitantemente o anil de nosso infinito. Embevecemos-nos, naqueles sonhos, que nossas mãos não se desgarram, corremos pelo campo de alfazemas, aquele mesmo que tu pintaste e no mesmo me jogou dentro do quadro, o chão é de mel, e seus cabelos peraltas no léu enchem minha face plácida, de cócegas, e um sorriso se estende em meu rosto, nos meus lábios de maça, que vez ou outra, a cada dente de leão voado, você os deixa vermelho sangue, quando mordisca carinhosamente, o lábio que sussurra gritado de silêncio, mapeando suas curvas arrepiadas, pelo tempero singular, que nós exercemos um sobre o outro.

Como não dizer, que você me solta feito um pardal, e que voando pela relva, sinto falta de minha prisão sem grades. Prendo-me, que prenda, e jogue a chave fora, que nos percamos, pra sempre dentro do imperdível, mais que acordemos a tempo, de nos afagar em matéria. Pois ainda quero lhe cobrir o corpo de sândalo, e presentear-lhe de bago, cada um mais roxo que o outro. Ainda por muito, muito e muito tempo, se assim o criador, nos permitir, quero me postar ao seu lado no chão frio da capela sistina, a fantasiar nossa lenda retratada pelas mãos de Michelangelo, beijando nossa face e nos abençoando. Quero te maltratar com meu cheiro de rosas brancas, e a coroa que carregas nas mãos, nunca irei permitir que uma gota de sangue de ti, caia sobre o chão, pois as rosas coroar-me-ão os cabelos angélicos, nunca as deixarei secarem, pois elas se nutrem de nós, amor meu. Quero ainda, quero pra hoje, que viajemos até a lua e fiquemos a flutuar sob a gravidade, que o satélite natural nos planta, quero abraçar estrelas, e ainda correr cometas com você. “You Are My Sunshine”, Johnny Cash, compôs pra nós. 


(Vinicius Sousa)

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