16/05/2021

minhas divagações sobre ansiedade

 À solidão é parte intrínseca da depressão? Estar só nos meus dias representa tanta coisa, e nada ao mesmo tempo. Estar só muitas vezes me exaure dos compromissos que tenho com as pessoas . tenho essa ânsia de ficar só dormindo o dia todo, porque durante a noite meus  pesadelos assombram-me. Lidar com a parte da ansiedade me é ainda mais angustiante. Pois se por um lado vomitar (por) tudo o que me incomoda no papel é uma tarefa libertadora, também é algo cansativo. Durante esse processo de exílio forçado tenho percebido nos sentimentos que são muitos, as fobias, as manias  os medos... é estranho só esperar coisas ruins sempre, é meio que se acostumar porque você pensa “é só outra coisa ruim, talvez passe logo, talvez demore uma eternidade “. Dormir nessas horas tem me consolado muito confesso, pois me afasta das preocupações de coisas simples do dia a dia. Das manias, da minha falta de empatia. Dormir durante o dia me traz paz, a paz que a noite transforma num triatlo infernal. Faz muito tempo desde a última vez que escrevi com propriedade sobre sentir, talvez tudo de bom do amor e das alegrias eu nem soubesse o que escrevia, e muito menos com profundidade, pois a maioria dos romances que vivemos são apenas sonhados. Então sim, é mais denso, escrever sobre as “nuances” da palavra solidão, pois pra mim ela me atordoa e me conforta. Neste momento estou sem culpas ou pesos, só estou só, acho que por escolhas que vão além do meu consciente, é mais um modo automático onde apenas eu como, banho algumas vezes, e durmo durante boa parte do tempo. Estou virando musgo.


13/06/2014

Enfim finados. Ah não conclua essa frase como uma ironia minha, apenas veja que o meu pesar é sincero. Estou aqui mais uma vez falando sobre coisas que disse que nunca mais ia falar. Acho que não foi amor, foi algo melhor além do que a sociedade nomeou, foi nossa idiossincrasia. Acho que da primeira vez também não foi amor, mas achei que fosse. Brigas? Ah existem tantas brigas com tantos casais por ai, com tantas pessoas, com tanta gente na rua em casa, no trabalho, mas por trás disso tudo há aquela doce preocupação que só quem ama é capaz de sentir.

Sempre acreditei e continuo acreditando que se você quer que algo dure e seja de verdade, é preciso passar pelas brigas. Não me disseram que os grandes amores são provados nas épocas de raios e tempestades! Pois então. Ainda continuo sendo o tolo, o romântico chato e exacerbado. Foi bom tudo, desde as brigas e até as lágrimas, a gente aprende a dar valor quando perde né?! Talvez amigos? É cedo de mais querido pra tudo isso de amizade, ainda tenho o vazio da sua ausência preenchendo esse espaço, quem sabe um dia a gente se ajeite e possa estar feliz por estar seguindo em frente como breve farei.

Hoje eu traguei tantos cigarros, um buraco bem grande de solidão pungiu dentro de mim, eu precisava aliviar a pressão da sua ausência e fumei até que doesse meu peito, cheguei em casa e pensei que pudesse não estar bem como eu, e sorri (ops! Isso foi horrível, mas me fez sentir bem, perceber que não era só eu que sentia por nós). Um dia, a pouco tempo atrás, ele disse que estaríamos perto pra sempre e quebrou a promessa, hoje eu entendo, é típico de quem é humano sabe, eu acho isso tudo uma beleza, essa garra de se assumir incapaz de segurar o mundo. Apenas veja que vou ficar bem, não hoje, hoje tá sendo impossível.

Sorri com uma dor no estômago.

(Vinicius Sousa)
 

17/03/2014

Eu te conheci meio sem querer e você foi uma das melhores surpresas que aconteceu na minha vida. Acontece que essa frase está no passado é onde nós permanecemos, é mais bonito dizer que você ficou lá. Quanto tempo depois que o ano virou. Pensei que não suportaria não ouvir “olhe o sol, é o mesmo que vejo” a lua e eu o vento. Já não sinto mais dor quando penso em você, porque já falo pouco de ti ou quase nada. Sinto que o nosso tempo era pequeno, mas que já nos conhecíamos desde outras eternidades, como sua mão grande pairava no meu rosto e meus lábios beijavam os seus, ao entardecer, ao pensar com minha cabeça repousada em tuas pernas e seus pequeninos e cansados olhos a me olhar eu temia, temia não pode ser teu. Você tinha tudo e quando digo tudo eu digo tudo mesmo, se quisesse até minha alma, mas algo disse que a minha alma você não tem que ela é algo irreparavelmente grande pra toda aquela sua pequenez, essa que me separou do homem que imaginava, Deus está morto, como canta, mas eu estou bem e seguindo em frente junto com as trevas, veja meu querido não é algo que me orgulhe e não é um mau o que falo apenas me sinto bem na escuridão, sem meus olhos ou meus pensamentos a me atormentarem. Veja bem amor, hoje não sonhei com a gente, quase nem lembro mais da sua voz. 


(Vinicius Sousa) Declaro separados com comunhão de “bens”. 

16/12/2013

The Afternoon

Esperei por um segundo a sanidade voltar, cama desarrumada, móveis revirados, preludio da manhã e breve o enterro de nossos corpos mais o abraço mais quente e verdadeiro da face da terra. Um verde campo e a fotografia em sépia desbotando entre os dedos gordurosos dos anos vans. Estendi no espaço da alma o silêncio da fala olhando vagarosamente entrepensando porque não ele, a separar da última pelada o grito de vitória e o boom do lance no suor péssimo da derrota?

Disney, calçando meus sapatos de rubi caminhando com os braços jogados ao ar, meu vestido de bolhas flutuantes, minhas imensas pernas saltitantes, um monstro nas nuvens de olhos de fogo perdido no paraíso das neves, olhou-me furtivamente, seus olhos sorriram há poucos instantes e incrustou nas nuvens tirando de minha vista o prazer de sua presença. Minhas asas espetaculares que tocavam o fogo nu de seus olhos, e o grito da plateia apedrejando pelo nome o meu amado. Meu grande túmulo, o tumulto que cerca minha despedida, o silêncio presente em toda fotografia da vida enlutando um disfarce nos olhos de cachoeira de Henry, sua mão na minha, gélida e pálida como ar nevado da aurora boreal.

 Prepara meu café da manhã, torradas e geleia de damasco. Olhos preocupantes correndo o pé direito da casa ofuscado pela claridão negra de seu daltonismo. Os olhos de Clarice e Miguel que se despedem antes de nós, em meio à densa chuva plainando um disco voador sobre o Del Rey 1967. A vista o infinito depois da ponte Helevy, nós sozinhos na cama e na sala, sorrindo para o silêncio das bocas nuas. Ao longe se vai hibernando no lago de gelo o carro de nós suicidas, voando como uma bola de baisebol. Aterrissando fortemente contra o gelo, congelado para a eternidade, o olhar afundando lentamente, as pupilas dilatando, a visão caçando o futuro...o futuro morrendo.


Que manhã doente. Estão no sepultamento de Henry, que toca as mãos fúnebres de seu amado companheiro com olhos de ver navios, e esquecendo de vez toda a história do porto. As bocas quentes de despedida, rosas brancas num farol de incontroláveis saudações e tessituras da imagem. Henry por cima de mim, por cima do silêncio e por cima a treva e por cima a claridão e por cima a eterna morte espetaculando como todos, a bela fotografia vintage de um Disney não lançado em um afternoon barulhento e vazio. 

(Vinicius Sousa) 

23/11/2013

B/V(em) meu mal

Beethoven , minha lua de luz. Ao escurecer da noite, a madrugada se estende mansa em calma. Hoje chove sob meu teto negro, escorrem as gotas frias que não muito antes molharam o chão da minha cara enquanto corria a me proteger da fria água afim de não contrair um resfriado. Fiquei pensando em uma cena triste e angelical, um selar da paz com as duas traduções mais fieis do começo de tudo. Luz e trevas, bem e mal, Deus e lúcifer.

Meus olhos giraram, minha luz da lua passando contente cada nota em sua mais suave vagareza, e o ruído das gotas como disse estalando na calha de casa.  Lucífer com seus belos olhos ora azuis ora negros falou comigo em sonetos e análises, imaginei todo um céu de dor e supus que o fim possa nem existir se tivermos coragem de existir.  Suas mãos são suaves e ele só quer o meu bem, como Deus também quer. Estou sob minha cama friorenta, o relógio das horas esta derretido em Dali.

Deus e o mal convivem infinitamente bem até hoje, se não teríamos explodido com um estalar de dedos. Muitos sofrem, e eu não entendo essa história de liberdade se é uma grande invenção ou uma amarga ilusão criada de um sonho ideal.  Lucífer mergulha seu corpo de luz na luminescência divina e tenta socorrer calado as caricias de seu Maomé. Diz-me que não posso atravessar a lava descalça sem me torturar, e me carrega no colo, mas me livra da dor.

Eu entendo tudo o que não posso entender, só não entendo quem sou. As pazes, por favor, não pareçam como a Rússia. Na guerra de 42 Alemanha má e austera.  Queria ter a mesma perseverança pro bem como tenho pro mal, e vice-versa. Meus cadeados gritam molhos de chaves, eu não estou aqui por isso não estou ai, não há distinção, quero que o bem precise do mal e vice-versa pra existir. Se fossem meus esses pensar etéreo diria que vivo pra esperar uma história que escreverei, mas não. Os cientólogos já provaram que o bem precisa do mal pra existir, que ele precisa ser vitorioso, que só assim tudo faz sentido, pois tudo tem um sentido, por excelência.  Não mais diferente eu deva ter um sentido. Garoa, garoa a minha janela, e porque não nutrimos, ou imaginamos que no fundo dessa rivalidade falida e vitoriana ainda existam um laço pazmal, onde enterrei meu sentidos?


(Vinicius Sousa) 

Ler ouvindo: Moonlight Sonata - Beethoven

21/10/2013

Ouvi Lúcifer dizer que sentia falta de estar com Deus.

Quando for bonito de amago, vou pensar nas suas palavras e chorar sorrindo. O mundo havia copulado numa noite sombria e partilhado do meu sofrimento com outras pessoas. Dizia seu amor, que a loucura era um bem natural da vida. A esfregar os olhos parvos de sono, a aurora em seu estado de sol brilhou em meu rosto. Foi como se uma aura de cristal inundasse meu ser, o zíper das minhas costas abrissem e minha alma voasse. Dedilhando as notas suaves de Beethoven prevejo um céu morrendo no meu rosto e as cicatrizes fenecendo no grande azul opala.

Hoje fui ao nirvana, dancei com Marley, vendi as minhas roupas para Cérbero, dancei nu no grande centro do Paraíso. Eu e Jesus nos beijamos, senti falta do sussurro quieto dos seus lábios me dizendo o que fazer, havia me perdido da seta. É bom regressar ao lar. Satan!!!, Meu hebraico quebrado agradeceu a beleza dessas palavras e pude sentir uma paz de espirito ao ver Lúcifer chorando sob os pés de Deus, minha mão tremula o grande salgueiro retorcendo em chamas, seus grandes cabelos de aura amarela, meus lábios róseos acariciando seu pescoço. Pondo-me nos braços e rindo num murmúrio que a carne do corpo tremia ao luzir seus dentes brancos radiantes.

Quando for anjo enfim tocarei o céu da boca e desfrutei do prazer do paraíso, minha estrada sendo ladrilhada, seu amor dócil e bondoso caminhando ternamente num vale escuro, eu rindo e chorando, suas mãos acabando num mar fúnebre de silêncio. As horas partem querido, é hora de regressar. Ao passado somos pó, estarei estado de cometa, mergulharei nas asas ambíguas e cairei como caem todos, frágil e choroso.

Vinicius Sousa

Ler ouvindo: Beethoven - Moonlight Sonata

14/10/2013

ENTRECRUZANDO OS ABRAÇOS DAS MÃOS.

Todos não são como você, você não é todos, e tudo faz sentido desde o início, porque partimos, e amei de novo, porque as flores secaram, e o brigadeiro é minha única bondade nos dias chuvosos. Ontem medimos as estrelas, e as flores das fotos estão do outro lado do hemisfério, é tudo tão divertido, eu não posso pular etapas, também nunca poderia abrir mão de seu amor ou de qualquer outro, contanto que ele fosse bonito e me fizesse sorrir. Caminhar e ser sincero comigo, ao me distanciar de você, a falta de você às vezes faz falta, então eu grito para céu e peço perdão por alguma coisa que eu nunca cometi.

Você sabe como sou uma confusão estelar, um diário de Sofia, ou uma curiosidade de Liesi, todos estão vivendo de cada lado, é bom imaginar algo hoje, não amanha, os planos de amanha podem mudar, a vida amanha pode nem acontecer, e enquanto isso hoje eu me divirto.

Dear,vai ser bom ver todos os flashes da minha vida num filme vintage, enquanto eu te beijava e ele sorria, enquanto eu chorava e uma mão acabava com o meu sofrimento eu fui inconstante em todos os  momentos, desde a melancolia a euforia. Eu fui eu e não sabia.


Vinicius Sousa 

08/09/2013

O DIA DEPOIS DE AMÃNHA

Sobre o que escrever agora? Parecem tantos meses que ainda não sei se existe ou se já morreu pra mim. São apenas duas semanas, e os conflitos já nem existem mais, e te pergunto, por isso estamos frios? Por isso estamos separados? Por isso estamos nos perdendo? Eu me choquei hoje e semana passada num mar de fotos e lembranças boas e do que poderíamos ter sido, mas é só minha ilusão. Eu sou apenas um refém dos meus sentimentos.

Alguns já passaram por mim, e eu procurei você neles, algum resquício que lembrava você, mas não completava todo o mosaico. Indago-me se é amor isso que eu sinto por você. Não é vazio, porque vazio é um buraco esperando ser preenchido. É saudade de que algo que volta de um xodó por assim dizer. De um bem querer tão longe daqui, que exalo ao cheirar-te.

Procurei na bagunça das minhas emoções, um começo nosso que fosse sólido, ainda procuro. Sonhei com você hoje enquanto cochilava, você apareceu todo borrado com uma mala nas mãos e uns óculos de sol, podia ouvir turbinas de avião, ver gente indo e vindo de um lado pro outro, guichês repletos de pessoas eufóricas porque faltavam apenas duas semanas para o natal, me dei conta que era dezembro, mas você não sorria, e que mentira a minha, eu só de te vi mesmo borrado em sonhos o resto foi só desejo.

As aves que migram, os barcos que velejam, o meu corpo que cai o seu que se decaí sobre o meu. Tristes histórias foram marcadas por momentos felizes, e você chora porque tudo que foi bom te causa lágrimas, e eu lamento ter dizer isso, não vai ser como antes vai? A flor da minha boca desabrochando nos teus lábios, e eu mais uma vez retornando aos clichês. O dia está amanhecendo e eu estou com medo, cada dia que passa é menos um. Será que vai chegar o nosso dia?


(Vinicius Sousa)