21/10/2013

Ouvi Lúcifer dizer que sentia falta de estar com Deus.

Quando for bonito de amago, vou pensar nas suas palavras e chorar sorrindo. O mundo havia copulado numa noite sombria e partilhado do meu sofrimento com outras pessoas. Dizia seu amor, que a loucura era um bem natural da vida. A esfregar os olhos parvos de sono, a aurora em seu estado de sol brilhou em meu rosto. Foi como se uma aura de cristal inundasse meu ser, o zíper das minhas costas abrissem e minha alma voasse. Dedilhando as notas suaves de Beethoven prevejo um céu morrendo no meu rosto e as cicatrizes fenecendo no grande azul opala.

Hoje fui ao nirvana, dancei com Marley, vendi as minhas roupas para Cérbero, dancei nu no grande centro do Paraíso. Eu e Jesus nos beijamos, senti falta do sussurro quieto dos seus lábios me dizendo o que fazer, havia me perdido da seta. É bom regressar ao lar. Satan!!!, Meu hebraico quebrado agradeceu a beleza dessas palavras e pude sentir uma paz de espirito ao ver Lúcifer chorando sob os pés de Deus, minha mão tremula o grande salgueiro retorcendo em chamas, seus grandes cabelos de aura amarela, meus lábios róseos acariciando seu pescoço. Pondo-me nos braços e rindo num murmúrio que a carne do corpo tremia ao luzir seus dentes brancos radiantes.

Quando for anjo enfim tocarei o céu da boca e desfrutei do prazer do paraíso, minha estrada sendo ladrilhada, seu amor dócil e bondoso caminhando ternamente num vale escuro, eu rindo e chorando, suas mãos acabando num mar fúnebre de silêncio. As horas partem querido, é hora de regressar. Ao passado somos pó, estarei estado de cometa, mergulharei nas asas ambíguas e cairei como caem todos, frágil e choroso.

Vinicius Sousa

Ler ouvindo: Beethoven - Moonlight Sonata

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