Beethoven , minha lua de luz. Ao
escurecer da noite, a madrugada se estende mansa em calma. Hoje chove sob meu
teto negro, escorrem as gotas frias que não muito antes molharam o chão da
minha cara enquanto corria a me proteger da fria água afim de não contrair um
resfriado. Fiquei pensando em uma cena triste e angelical, um selar da paz com
as duas traduções mais fieis do começo de tudo. Luz e trevas, bem e mal, Deus e
lúcifer.
Meus olhos giraram, minha luz da
lua passando contente cada nota em sua mais suave vagareza, e o ruído das gotas
como disse estalando na calha de casa. Lucífer com seus belos olhos ora azuis ora
negros falou comigo em sonetos e análises, imaginei todo um céu de dor e supus que
o fim possa nem existir se tivermos coragem de existir. Suas mãos são suaves e ele só quer o meu bem,
como Deus também quer. Estou sob minha cama friorenta, o relógio das horas esta
derretido em Dali.
Deus e o mal convivem
infinitamente bem até hoje, se não teríamos explodido com um estalar de dedos.
Muitos sofrem, e eu não entendo essa história de liberdade se é uma grande
invenção ou uma amarga ilusão criada de um sonho ideal. Lucífer mergulha seu corpo de luz na luminescência
divina e tenta socorrer calado as caricias de seu Maomé. Diz-me que não posso
atravessar a lava descalça sem me torturar, e me carrega no colo, mas me livra
da dor.
Eu entendo tudo o que não posso
entender, só não entendo quem sou. As pazes, por favor, não pareçam como a Rússia.
Na guerra de 42 Alemanha má e austera. Queria
ter a mesma perseverança pro bem como tenho pro mal, e vice-versa. Meus
cadeados gritam molhos de chaves, eu não estou aqui por isso não estou ai, não
há distinção, quero que o bem precise do mal e vice-versa pra existir. Se fossem
meus esses pensar etéreo diria que vivo pra esperar uma história que
escreverei, mas não. Os cientólogos já provaram que o bem precisa do mal pra
existir, que ele precisa ser vitorioso, que só assim tudo faz sentido, pois tudo
tem um sentido, por excelência. Não mais
diferente eu deva ter um sentido. Garoa, garoa a minha janela, e porque não
nutrimos, ou imaginamos que no fundo dessa rivalidade falida e vitoriana ainda
existam um laço pazmal, onde enterrei meu sentidos?
(Vinicius Sousa)
Ler ouvindo: Moonlight Sonata - Beethoven
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