23/11/2013

B/V(em) meu mal

Beethoven , minha lua de luz. Ao escurecer da noite, a madrugada se estende mansa em calma. Hoje chove sob meu teto negro, escorrem as gotas frias que não muito antes molharam o chão da minha cara enquanto corria a me proteger da fria água afim de não contrair um resfriado. Fiquei pensando em uma cena triste e angelical, um selar da paz com as duas traduções mais fieis do começo de tudo. Luz e trevas, bem e mal, Deus e lúcifer.

Meus olhos giraram, minha luz da lua passando contente cada nota em sua mais suave vagareza, e o ruído das gotas como disse estalando na calha de casa.  Lucífer com seus belos olhos ora azuis ora negros falou comigo em sonetos e análises, imaginei todo um céu de dor e supus que o fim possa nem existir se tivermos coragem de existir.  Suas mãos são suaves e ele só quer o meu bem, como Deus também quer. Estou sob minha cama friorenta, o relógio das horas esta derretido em Dali.

Deus e o mal convivem infinitamente bem até hoje, se não teríamos explodido com um estalar de dedos. Muitos sofrem, e eu não entendo essa história de liberdade se é uma grande invenção ou uma amarga ilusão criada de um sonho ideal.  Lucífer mergulha seu corpo de luz na luminescência divina e tenta socorrer calado as caricias de seu Maomé. Diz-me que não posso atravessar a lava descalça sem me torturar, e me carrega no colo, mas me livra da dor.

Eu entendo tudo o que não posso entender, só não entendo quem sou. As pazes, por favor, não pareçam como a Rússia. Na guerra de 42 Alemanha má e austera.  Queria ter a mesma perseverança pro bem como tenho pro mal, e vice-versa. Meus cadeados gritam molhos de chaves, eu não estou aqui por isso não estou ai, não há distinção, quero que o bem precise do mal e vice-versa pra existir. Se fossem meus esses pensar etéreo diria que vivo pra esperar uma história que escreverei, mas não. Os cientólogos já provaram que o bem precisa do mal pra existir, que ele precisa ser vitorioso, que só assim tudo faz sentido, pois tudo tem um sentido, por excelência.  Não mais diferente eu deva ter um sentido. Garoa, garoa a minha janela, e porque não nutrimos, ou imaginamos que no fundo dessa rivalidade falida e vitoriana ainda existam um laço pazmal, onde enterrei meu sentidos?


(Vinicius Sousa) 

Ler ouvindo: Moonlight Sonata - Beethoven

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