05/12/2011

Seção 4




Dia três de novembro de 1967, madrugada gélida, vultos começam a transpassar pela direita pela esquerda pelo lado e por trás, meus olhos vão se despedindo, as estrelas do céu vão caindo e o negro do céu vai eclodindo, eclodindo tudo para um buraco sem fundo onde jazem todos afundaram em meio a carcaças de um vil submundo, meu amor não me beija mais meus lábios fúnebres, a tortura e o silêncio de liberdade foi represada fora jaz antes de mim, delegado Moura um homem de estatura mediana, peito largo, e uma barba por fazer, traja um paletó tipo Sherlock Homes traga um charuto paraguaio com a mão destra, enquanto sua mão esquerda aperta com veemência meu crânio enquanto na mesma minuta vou descendo suas calças lentamente, quando num rápido movimento suas mãos se esgueiram de mim e meu corpo treme languido no chão, é uma adrenalina que vem do meu lóbulo esquerdo passa por meus dedos da mão e se findam nos dedos dos pés, um sorriso canto de boca se estende com olhos cerrando-me a carcaça, são três, três censura dores, da cultura, da voz livre, do voto, três admiradores banais do sofrimento, que corrompe agora uma raça é assim mesmo uma “raça” divida se não por idéias e ideais. O meu silêncio gritado se cala, só pra ouvir os pontapés fazendo tremer a boca do meu estomago, o som da violência ainda tem dado prazer.  E eu vou se não por menos, me despedindo com um aperto que me dilacera o peito, tendo não cedido até o ultimo instante da gota vindoura que cela tudo, tudo num pra sempre não equivocado.


Pergunto-vos agora onde tem caminhado Deus? Disse-me dantes ele, não lhe dou cargas maiores que suas costas supõem carregar, onde está à coragem dos acovardados?  Onde está Caetano, Gil, Chico? Pai tende piedade dos que com um motivo digno sofrem as atrocidades de um mundo, que como este sinal, já teve muitos, vão caminhado de olhos cegos costurados pelas próprias mãos, aquelas mesmas que afagam e no instante seguinte apedrejam, estamos caminhado na borda do precipício enquando debaixo a morte reforça seus braços com almofadas, vão cair muitos vai ser uma chacina, estamos caindo, pagando pra cair, morrendo pra morrer, e não morrendo pra viver, estamos cedendo, sedentos, atentos, desatentos, a uma ordem que caminhado vem, por rádios, televisores futurísticos, enquanto em qualquer ponta do mapa mundial, mais um compatriota da luta é exilado, censurado, ou até mesmo, seu corpo se faz agora depositório de fezes de urubus, o ser humano tem se auto aniquilado, a carne podre ainda sim tem gritado alto, falado mais que a alma, onde essa anda?

Se apegar a algo que não tenha se solidificado em cima da verdade, se tornou pra nós algo mais conveniente e menos cansativo. Tornamo-nos seres jazem incrédulos. Alguns irão além de amanhã, outros se farão lendas com seus nomes através de séculos, outros daqui a cinqüenta anos estarão lá do mesmo jeito, estirados no sofá da sala com um balde de pipocas no colo, agraciando o altar, vão estar lá sim, assistindo de camarote o circo dos horrores. Todos, não excetuo ninguém, todos estão jaz fadados, a irem para o ultimo ponto do terminal, e lá não há divisão, gênios e imbecis, dividem o mesmo palco. Mais que melancólicos, os poetas, irão jorrar sangue pelos olhos, pois como fracasso, tentaram de todo o custo abraçar o mundo, como os braços de shiva, aos que sangraram aos que choraram, e esperam um pouco de alimento, pra seguirem jornada, até onde? Não me perguntem. A está altura, ímpios, falsos profetas, difamadores, com olhar execrável correm das rachaduras que se fazem presentes no chão, e vão com olhares de cobiça tentando estampar pureza, e eu apenas regurgito, não há papel, o que há são cinzas sendo espessas pelo vento de gelo, marco em meus braços a sede que o desabafo tem me causado como a água, digo em alto e bom som, não temo mais a surdina repressão, pois o holocausto já começara deveras antes. E como bandeja de banquete, os porcos se servem nos altos palácios de amor, agraciando a pureza, deste com um simples sacrifício de caça animal. Mais se existe alguém que nos molha com tanta chuva, esse alguém nos olha, não com olhar hórrido, mais sim com olhar de comiseração. Pois todos agora fizeram deste (o amor) mero banquete, onde lances são ofertados, onde cassinos são fechados. A humanidade então caminha, não mais a passos de tartaruga, para o fim, sem saber que o fim já chegou, sendo que o que vivemos é “só” a beira do dilúvio. Credo in Deum Patrem Ipse adjuva nos. Et miserere mei.

(Vinicius Sousa)




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