27/11/2011

Johnny


Há um amor não tão breve assim
                            Sem pontos finais por favor

E me perdendo eu te encontrei
E perdendo em mim eu te encontrei
E me perdendo eu te encontrei dentro de mim

Você é a madrugada desregrada que corre por meus olhos inchados, sabe Johnny hoje pensei cá comigo que minha horta de chá me acalmava a pele me acalmava os nervos já em frangalhos, até a hora que novamente tu regressasses e deixasse por amor, acompanhar meus olhos em suas mãos calejadas e fazer de teu peito, meu colchão de almofadas. O tempo nos custou uma vida. Nós perdemos tanto enquanto não encontrávamos que uma vida hoje é pouco pra nós, viemos de varias outras, não carmas mais sim reencarnações, onde nosso caminho é perpetuo de rosas brancas. E uma coisa, o vento conspirou, tivemos de nos perder pra nos encontrar e arrancar de nossos lábios tremidos de tanto ofegar, a saudade que se escapulia em abraços quase que esmagadores.

Sabe quando cortávamos o caminho da escola e nos embrenhávamos num beco que dava num campo coberto por alfazemas? Agarramo-nos nelas e, elas se agarravam em nossos cabelos. Ciganos por assim dizer. Saiamos à forra, debaixo do pé de pessegueiro com uma brasa quase zunindo em nossos ouvidos, nós planejávamos o nosso futuro olhando as estrelas enquanto um cometa rasgava o céu, atendendo nosso pedido. Você se lembra? Talvez se lembre, porque estamos sentindo uma falta inexplicáveis daquelas vidas, que ainda não desgastaram e nem pretendem. Lembrei-me agora de um livro que li, é deveras que uma passagem me tocou a tal da “Menina dos rouxinóis”, viagens na minha terra é o nome da obra. E você me apelidou assim carinhosamente, quando insinuando com seus olhos cerrados atrás de algumas poucas arvores, lá me fitava, correndo atrás dos rouxinóis roxos, era como se estivesse sendo carregado a poucos palmos da terra, eles voaram pra dentro de meus cabelos, e cochicharam nos meus ouvidos de que nosso amor é indivisível e sabiam que dentro de meu âmago eu tinha asas, então que praticasse vôos, pois voar é dom de quem tem imaginação.

Eu caio sob as pedras que me entrecorta a palma dos dedos, mais ainda sim, minha fé era maior, e voar, talvez que deixe pra sonho que deixe pros pássaros, que se miram do céu e se jogam enquanto dançamos no meio do campo de alfazemas, com a chuva esculpindo meu rosto, para um cego tocar. Lembra Johnny, você nunca disse me vigiar, mais sentia uma presença que acalmava a metade de minha outra alma. É você estava por perto. Ah Johnny como o tempo voou como os rouxinóis, e o céu se encobriu de rosas pra ver-nos passar, de eternidade a eternidade, e a cada nova dança, nenhum sentimento foi desbotando, com seus lábios de carmim no meu, você cumpria a sentença, sem amarras, sem laços, sem cordas e nem correntes, prisioneiro de nós dois, prisioneiro decretado de meu coração, por livre e espontâneo mérito, num mundo totalmente nosso.


“Nós fomos e sempre seremos longevidade de eternidade impar”.
(Vinicius Sousa)

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