Há um amor não tão breve assim
Sem pontos finais por favor
E me perdendo eu te encontrei
E perdendo em mim eu te encontrei
E me perdendo eu te encontrei dentro de mim
Você é a madrugada desregrada que corre
por meus olhos inchados, sabe Johnny hoje pensei cá comigo que minha horta de
chá me acalmava a pele me acalmava os nervos já em frangalhos, até a hora que
novamente tu regressasses e deixasse por amor, acompanhar meus olhos em suas
mãos calejadas e fazer de teu peito, meu colchão de almofadas. O tempo nos
custou uma vida. Nós perdemos tanto enquanto não encontrávamos que uma vida hoje
é pouco pra nós, viemos de varias outras, não carmas mais sim reencarnações,
onde nosso caminho é perpetuo de rosas brancas. E uma coisa, o vento conspirou,
tivemos de nos perder pra nos encontrar e arrancar de nossos lábios tremidos de
tanto ofegar, a saudade que se escapulia em abraços quase que esmagadores.
Sabe
quando cortávamos o caminho da escola e nos embrenhávamos num beco que dava num
campo coberto por alfazemas? Agarramo-nos nelas e, elas se agarravam em nossos
cabelos. Ciganos por assim dizer. Saiamos à forra, debaixo do pé de pessegueiro
com uma brasa quase zunindo em nossos ouvidos, nós planejávamos o nosso futuro
olhando as estrelas enquanto um cometa rasgava o céu, atendendo nosso pedido.
Você se lembra? Talvez se lembre, porque estamos sentindo uma falta
inexplicáveis daquelas vidas, que ainda não desgastaram e nem pretendem.
Lembrei-me agora de um livro que li, é deveras que uma passagem me tocou a tal
da “Menina dos rouxinóis”, viagens na minha terra é o nome da obra. E você me
apelidou assim carinhosamente, quando insinuando com seus olhos cerrados atrás
de algumas poucas arvores, lá me fitava, correndo atrás dos rouxinóis roxos,
era como se estivesse sendo carregado a poucos palmos da terra, eles voaram pra
dentro de meus cabelos, e cochicharam nos meus ouvidos de que nosso amor é
indivisível e sabiam que dentro de meu âmago eu tinha asas, então que
praticasse vôos, pois voar é dom de quem tem imaginação.
Eu caio sob as pedras que me entrecorta a palma
dos dedos, mais ainda sim, minha fé era maior, e voar, talvez que deixe pra
sonho que deixe pros pássaros, que se miram do céu e se jogam enquanto dançamos
no meio do campo de alfazemas, com a chuva esculpindo meu rosto, para um cego
tocar. Lembra Johnny, você nunca disse me vigiar, mais sentia uma presença que
acalmava a metade de minha outra alma. É você estava por perto. Ah Johnny como
o tempo voou como os rouxinóis, e o céu se encobriu de rosas pra ver-nos
passar, de eternidade a eternidade, e a cada nova dança, nenhum sentimento foi
desbotando, com seus lábios de carmim no meu, você cumpria a sentença, sem
amarras, sem laços, sem cordas e nem correntes, prisioneiro de nós dois,
prisioneiro decretado de meu coração, por livre e espontâneo mérito, num mundo totalmente
nosso.
“Nós fomos e sempre seremos longevidade de eternidade impar”.
(Vinicius Sousa)
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