27/11/2011

Johnny My Old Lover


Há quanto, quanto tempo, não toco mais em suas mãos
Há quanto, quanto tempo, não afogo no meu mar de perdição
Meu velho amante, meu amor, minha paixão particular, minha velha dor
Há quanto tempo não deliro em febre
Johnny my old lover para sempre
Johnny my old lover para sempre
E der repente, estou segurando em suas mãos, ásperas e rugosas

O tempo passou amor meu, estou cara a cara
Eu e sua debilidade
Eu e seu Alzheimer
Você desenhava meu rosto em suas mãos
Você desenha olhos no papel, as suas palavras podiam me ver
E nada mais vai retroceder, meus lábios murcharam,

Enquanto o frasco de areia foi se findando e,
Você não voltou você não voltou mais você prometeu, se lembra?
Johnny my old lover para sempre
Johnny my old lover para sempre
O nosso amor foi incinerado, dentro do fogo que ardeu nosso puro e fatídico amor
Eu posso ver tudo, como se fosse à primeira vez

A primeira e ultima vez
Você veste sua farda, sob seu peito largo e ombros robustos
Você ostenta três medalhas, general de meu coração,
Que com muita desilusão foi marchando, com o orgulho de homem ferido,
Defendendo sua pátria
Lagrimas, vão retalhando mais e mais o passado, você se esvaiu de mim

Mais ficou guardado, do lado oposto do direito, do peito
E na onde o cérebro guarda a memória, eu me estiro no chão de dor
Talvez você esteja tão bem quanto eu estou mal
E você do outro lado, já alugou a nossa casa de veraneio,
Hasteou uma bandeira com nossos nomes
Enquanto do lado de fora, eu rabisco SOS e, ninguém me ouve

Além de você? Não ninguém me ouve, nem mesmo você
Eu estou aqui, postado, com minhas frias mãos sob a cabeceira de metal
Desejando veementemente, que o lustre a cima de minha cabeça
Caia sobre mim e, me queime, e desfaça-me em pó
Você deve estar bem, tão bem como eu estou mal
Você deve estar sentindo minha falta

Estou eu e sua debilidade
Estou fazendo escambo com o intangível
Eu estou a ponto de vender minha alma para o diabo
Pois estou descascando, em meus longos oitenta anos
Estou envidraçado, com a cética, de que ninguém volta dos mortos,
Johnny my old lover para todo o sempre

Johnny oh! Johnny. My old lover
Ainda tento acreditar que a morte não me esqueceu.

(Vinicius Sousa)

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