28/11/2011

Solidão


    
Algumas pequenas,mais importantes histórias, são contadas através de um sorriso mascarando a dor, a solidão percorreu junto com você até hoje o nada, o nada que não leva ninguém a lugar algum. Você pode estar agora sentado naquela velha poltrona, ou no parque dando comida aos pombos, e ouvir o que digo agora, e perceber que dentro de você, você se mata você mata pra sobreviver, e você vive sozinho sem por que, apenas vive.  É meu amigo eu sei como é, eu sei como tem passado, as horas não correm, as estrelas não giram depressa e o sol se demora a dizer um adeus efêmero. E dentro de você venta, não venta? É aquele vento frio de madruga, que parece rasgar o ar, e lhe vai sussurrando pelos ouvidos até se acomodar num lugar bem incômodo, esse é seu maior luxo.

Talvez dentro de tantos achismos de maus do século, a solidão se configure no topo, eu agora estou me esforçando pra descrever algo que eu acho indescritível, talvez seja um aperto com gosto de nada, de não ter feito nada, de não ter sido nada, de não ter vivido nada. Imagino eu, a mais pacata das solidões. Um senhor bem velho com os ossos já cheios de osteoporoses tenta ficar em pé, mais a fraqueza e o cansaço de seu corpo pedem descanso e, ele cede. Seus pés estão amarelados e inchados, correr pelo mundo até faria sentido se ele pudesse correr.

Ele traja roupas simples, eu diria mesmo (trapos) sim ele se fantasia de trapos, e arrumando seu fumo, ele coloca um banco na porta de casa e, põe-se a fitar pessoas indo e vindo, a fitar a solidão em rostos, estupefatos de cansaço, a morte ao seu lado afaga-lhe as mãos, mãos já rugosas, descarnadas, magras, gélidas, não se esquentam até mesmo com o pior dos desprazeres.  "Dizem que a solidão enlouquece..." Ciro Mac Cord. Depois de me ver parado diante do nada, vi que ser louco é cousa de solitário, eu lembro que tentava espantar a depressão de mim, do meu quarto da minha sala num papel e, bem, ele foi capaz de descrever alguns buracos, e até por um breve momento, tenha tampando os buracos com terra, mais amigo era placebo, e talvez o pra sempre exista não só num termo ou num contrato sem validade de enlaces.

Mais sim, é de fato que ele exista, pra todo sempre, falo do sempre, que quando nossos corpos se desfizerem, ainda irá existir o sempre e aquela nossa solidão. Vai à caça de novos habitantes e novas moradas, pra todo um sempre, que não é nunca.  A morte talvez seja um estado? Ciro Mac Cord. É como um breve fechar de olhos, uma fênix renascendo das cinzas; estágio só estágios? Você novamente, quando não vê que é ciclicamente, e a solidão nunca se perde da gente, e nós também nunca nos perdemos dela, é, a morte, talvez seja mesmo um estágio repetitivo, apanhamos e caímos cheios de marca talvez aprendamos alguma coisa de útil, mais ainda sim não continuamos sós.

E em meio de tantas outras pessoas, ainda a solidão está ali sem quaisquer aspectos de impacto sem quaisquer arranhões.  É amigo a solidão nos deixa loucos, temos tempo de sobra pra enlouquecer, eu sou normal você é normal, só somos loucos, loucos e solidão, infeliz amiga de uma vida sem refrão, numa repetição, que das partes boas são esquecidas ou excluídas, solidão? Da loucura fez-se a solidão da solidão fez o homem, é apenas inerente, todos nascemos sós preenchidos de vazios, a solidão não é efêmera é inerente, é solidão com gosto dualista, a solidão é dualista.

(Vinicius Sousa) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário