Algumas pequenas,mais importantes histórias, são contadas
através de um sorriso mascarando a dor, a solidão percorreu junto com você até
hoje o nada, o nada que não leva ninguém a lugar algum. Você pode estar agora
sentado naquela velha poltrona, ou no parque dando comida aos pombos, e ouvir o
que digo agora, e perceber que dentro de você, você se mata você mata pra
sobreviver, e você vive sozinho sem por que, apenas vive. É meu amigo eu sei como é, eu sei como tem
passado, as horas não correm, as estrelas não giram depressa e o sol se demora
a dizer um adeus efêmero. E dentro de você venta, não venta? É aquele vento
frio de madruga, que parece rasgar o ar, e lhe vai sussurrando pelos ouvidos
até se acomodar num lugar bem incômodo, esse é seu maior luxo.
Talvez dentro de tantos achismos de maus do século, a
solidão se configure no topo, eu agora estou me esforçando pra descrever algo
que eu acho indescritível, talvez seja um aperto com gosto de nada, de não ter
feito nada, de não ter sido nada, de não ter vivido nada. Imagino eu, a mais
pacata das solidões. Um senhor bem velho com os ossos já cheios de osteoporoses
tenta ficar em pé, mais a fraqueza e o cansaço de seu corpo pedem descanso e,
ele cede. Seus pés estão amarelados e inchados, correr pelo mundo até faria
sentido se ele pudesse correr.
Ele traja roupas simples, eu diria mesmo (trapos) sim ele
se fantasia de trapos, e arrumando seu fumo, ele coloca um banco na porta de
casa e, põe-se a fitar pessoas indo e vindo, a fitar a solidão em rostos, estupefatos
de cansaço, a morte ao seu lado afaga-lhe as mãos, mãos já rugosas,
descarnadas, magras, gélidas, não se esquentam até mesmo com o pior dos
desprazeres. "Dizem que a solidão enlouquece..." Ciro
Mac Cord. Depois de me ver parado diante do nada, vi que ser louco é
cousa de solitário, eu lembro que tentava espantar a depressão de mim, do meu
quarto da minha sala num papel e, bem, ele foi capaz de descrever alguns
buracos, e até por um breve momento, tenha tampando os buracos com terra, mais
amigo era placebo, e talvez o pra sempre exista não só num termo ou num
contrato sem validade de enlaces.
Mais sim, é de fato que ele exista, pra todo
sempre, falo do sempre, que quando nossos corpos se desfizerem, ainda irá
existir o sempre e aquela nossa solidão. Vai à caça de novos habitantes e novas
moradas, pra todo um sempre, que não é nunca. A morte talvez seja um estado? Ciro Mac Cord.
É como um breve fechar de olhos, uma fênix renascendo das cinzas; estágio só
estágios? Você novamente, quando não vê que é ciclicamente, e a solidão nunca
se perde da gente, e nós também nunca nos perdemos dela, é, a morte, talvez
seja mesmo um estágio repetitivo, apanhamos e caímos cheios de marca talvez
aprendamos alguma coisa de útil, mais ainda sim não continuamos sós.
E em meio de tantas outras pessoas, ainda a
solidão está ali sem quaisquer aspectos de impacto sem quaisquer arranhões. É amigo a solidão nos deixa loucos, temos
tempo de sobra pra enlouquecer, eu sou normal você é normal, só somos loucos,
loucos e solidão, infeliz amiga de uma vida sem refrão, numa repetição, que das
partes boas são esquecidas ou excluídas, solidão? Da loucura fez-se a solidão
da solidão fez o homem, é apenas inerente, todos nascemos sós preenchidos de
vazios, a solidão não é efêmera é inerente, é solidão com gosto dualista, a
solidão é dualista.
(Vinicius Sousa)
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