Prelúdio
Que as mãos nos afaguem
sempre quando a testa queimar. Que o beijo cure a tristeza da alma encharcada
de lagrimas. Que as flores plantadas no vaso dantes como sementes não sequem
hoje. Que o cravo floresça e não apodreça, não cesse e nem se enlouqueça, pois as
margaridas nos ares se deitam, esperando tal momento para roubar teu cheiroso
cheiro nas noites em que a lua se põe a cantar, e o mar em agonia se põe a
fitar um amor que nasceu do verbo amar.
Se não vou ficar por
amor, então que eu fique pela dor. Que te deixe dolorido o corpo quando não
mais puder, e se dispuser a lembrar de mim. Você vai perceber que você fez uma
péssima escolha, e que jogou as rosas exuberantes que ficavam em cima da
escrivaninha de cristal, pela janela da sacada. Você eclodiu nossa casa, e saiu
com o paletó ainda sujo de poeira, enquanto fui rolando ladeira abaixo perdendo
cada pétala. Pétala a pétala, nós fomos eternos, eternos num tempo nosso,
confundimos guerra com bandeiras brancas.
Baby eu não acredito
mais nas suas desculpas é só “pretexto” além do fado que sou carregando-me eu
mesma nas costas, não posso suportar a idéia de fraquejar com mais pesos, eu
estou pesado de mais amor, estou quase a me afogar no mar, onde outrora
rasantes dava, já não posso mais imergir não é questão de escolha ou vontade,
suas ancoras me atam os pés, sua vida e seus fados estão me impugnando,
entende? Eu te esperando me cansei eu te amando, desamei, eu ficando me
abominei, já era perceptível rosas são fracas e você soube como ninguém injetar
veneno no talo. Mais espera amor, antes de tocar na carne de meus lábios, elas
secaram, beija-me as cinzas! Anda, beija-me depressa! Dizem que amor rompe a
matéria.
Surtos: O Esquizofrenista, Hitler, e falsos
espasmos
Há algum lucro em ser
seu amigo? Sejamos direto, há lucros nessa história de amizade? Bem, era o tempo
em que uma mão se deleitava na cabeça alheia afagando seus desconsolos
iminentes sem absolutamente nada em troca, tudo agora virou moeda de troca,
escambo mesmo. Você detestaria ter de descobrir que o meu sorriso não é
recíproco, e que se sorrio é porque existem segundas intenções, e se existem segundas
intenções, nada é limpo, e nem sangue de corsa purifica o encardido da
falsidade. Você caiu do vigésimo quinto andar perto do purgatório, e lá você
percebeu que Tomé só acredita no palpável, então mostre suas chagas, pois se
ele não pisou no céu, não foi porque seus olhos o traiam, foi porque sua cética
o cegou.
E pensando cá comigo, Deus por algum mérito
que não sei o qual e nem faço eu questão de saber, não permitiu que ele
adentrasse a porta preta do lado, a força, e por enquanto, ou melhor, por toda
eternidade sua pele não vai derreter no mar de enxofre. Ai num belo dia
escutando alegoria eu vejo que essa musica fede a passado enquanto na poltrona
datada na época da segunda guerra eu engulo poeira pensando que é colírio, meu
bem, meu bem, sente na sua poltrona com seu copo de pipocas e não desgrude os
olhos do espetáculo, porque hoje em dia, devaneio de vez em nunca, e falar
sobre sorrisos é um hob, ou meu hob, que nunca foi executado. Como você que
está ai sentando do outro da tela, eu, inteiramente eu, fui se não um mero
expectador.
E sabe sorriso e felicidade nunca foram tão
bem inventados por uma mente insana, se não a mente humana. Escuto eu agora
após um sono fúnebre, num sonho que mesmo me parece vida. Hitler minha mais
possível dor, vai exercendo com uma banda marcial a sua sinfonia inundada de
sangue, meus caros, cada instrumento posicionado milimetricamente, representa
abalos, balas dilacerando corpos cristãos, inundando numa chacina sorrisos
devastados pelo milagre da dor e do medo, muitos de meus compatriotas se
revestem de branco, nada de preto e branco, somente branco, ariana, raça, luz.
Jesus caiu, e o diabo
na terra se vestiu. Prazer lhes apresento Hitler, com uma bíblia a esquerda de
sua mão, ele profana na mais vil sensatez, sua nova ordem, ela será limpa, ela
cegara, ela será clara, como os anjos do paraíso que excluem qualquer ave ávida
de cor negra. Jesus da terra caiu e Hitler de meros quadros pintados a tinta,
surgiu das cinzas, a fênix não merecida o nome, o protetor dos fidalgos e das nuvens
brancas, qualquer bala não lhe causaria espanto mais apontada em sua cabeça eu
beijo o alvo com meus lábios roxos, eu aponto a seta e ele morre em meus
braços, acarretando sua morte como um prelúdio de gloria eterna, ele não foi
capturado, não o considerem vencido, pois o mar que dantes fechado estará,
agora se faz passagem para o filho da mão armada.
Agora na cética de sua
cela, impregnada de gritos clamantes, estar sozinho é estar bem, fortes, os
fortes são sozinhos, e com rasgos lhe queimando a boca do fígado, essa dor iminente
tem de cessar o grito, tem de calá-lo. Por favor! “por favor,” é uma ordem,
apanhem depressa trapos, curativos, esparadrapos, qualquer coisa mais calem a fraqueza
“sua”. A cura de um corpo enfermo, precisa cicatrizar os escombros, a ordem
requer pulso firme, homens fortes, dotados de aparente rigidez.
E no escuro de seus
ombros ele está a carregar os ossos pesados e trepido, “dizem, que a inteligência
é a melhor massa, a melhor arma de um ser para com outro ser, ou qualquer outra
coisa”. Uma judia, de traços exímios alemães,
do outro lado do salão oval, enfeita o escritório com um belo jarro de margaridas,
enquanto Hitler mapeia com o dedo o mapa do mundo, a bela empregada dá um
sorriso de boas vindas e sai. “bem vindo ao inferno”.
(Vinicius Sousa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário