E quem disse que flores não cortam?
Vidros, cacos e vidros, pétalas e rosas, me lembra corte, me lembra sangue, me lembram
dor, de um, um no outro, sem distorção, só matérias completamente distintas não
por menos dolosas. O pó do vidro lhe
cobre o branco dos olhos com pequenas gotículas de sangue. Por que não nos
permitimos mais que um silêncio? Porque o véu que banha a lua, não é o mesmo
que banha teus olhos cênicos? Uma venda lhe entortou o caminho e, que pena que
andou, se perdeu em desamor, se entortou pra um lugar que ainda custa a achar,
como se esconder de mim valesse a pena. Você não se guia você não se tem você
não me tem, e a gente vai se perdendo, a cada por do sol e eu vou doando as
estrelas a minha queda; ela vai servir como meu ultimo pedido. Como meu ultimo
apelo, como minha ultima suplica.
Já se questionou o porquê, de eu
ter de dizer sempre, “eu te amo”? Já percebeu que as falhas ruindo o seu peito,
que dantes o que transbordava em amor colossal. Virou se tornou se não, ócios
do oficio, palavras, tentando suprir uma ultima lacuna, talvez à de que tudo
volte novamente? Já se perguntou de o porquê não estar vivendo, se hoje o sol
brota calor pelo céu, pintado de azul, se hoje ao longe você avista uma miragem
que é se não o mar? E é o amor, aquele mesmo, onde feridas são jorradas,
manchando a branca água salgada, de um liquido já grosso, de um vermelho maça,
que com muita dificuldade sai. Sai por teus poros, pelos olhos, sai
metaforicamente, sai no invisível e não mancha a água, o ar com toda calmaria
resguarda o líquido no seu ventre paciente e deveras intangível. E quem disse
que amor não machuca? Estava por si só, jaz enlouquecido em tantos poemetos de
quinta, creio eu. E só porque ele não perdura por uma eternidade, não desdiga
que não é amor, está ai um belo paradoxo com que me pego sempre Amor X Dor,
cabem numa mesma palavra, e ocupam lugares no mesmo espaço, e nada disso aqui é
distinto, não mesmo, pelo menos o meu não sei o seu. Vou ser agora mais direto
e menos poético, amar cansa, desgasta, descora feito móvel velho, tinge alguns
dias de cores frias e outros dias de cores quentes.
Amar te envolve, te joga em algo,
que parece sonho e por mais beliscões que houver você ainda continuara, acreditando
com veemência é um “sonho!”. Amor; gosto de pensar que é uma rosa arrancada com
toda rusticidade de uma roseira, uma rosa vermelha, com as pétalas carnudas e
de um vermelho que chega doer aos olhos, mais espinhos lhe banham o talo, e lhe
protege, mais como saber, que machuca, se estamos entregues ao belo cheiro entorpecente?
Dor que a tal rosa lança sobre nossa alma, e quando damo-nos conta a dor vai
sendo transferida aos poucos pelos dedos e num rápido recobramento de
consciência vai se devastando feito bote feito veneno, a rosa cai ao chão despetalada,
seus espinhos secam, e agora? Agora você pode pegar não lhe machuca mais, não
ira mais lhe prover lagrima, mais agora é morte é termino, quer dizer, é
partida é despedida, silenciando-se em menores saturações de cinza (enquanto o
tempo passa).
(Vinicius Sousa)
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