04/12/2011

Clichê ou Amor?


E quem disse que flores não cortam? Vidros, cacos e vidros, pétalas e rosas, me lembra corte, me lembra sangue, me lembram dor, de um, um no outro, sem distorção, só matérias completamente distintas não por menos dolosas.  O pó do vidro lhe cobre o branco dos olhos com pequenas gotículas de sangue. Por que não nos permitimos mais que um silêncio? Porque o véu que banha a lua, não é o mesmo que banha teus olhos cênicos? Uma venda lhe entortou o caminho e, que pena que andou, se perdeu em desamor, se entortou pra um lugar que ainda custa a achar, como se esconder de mim valesse a pena. Você não se guia você não se tem você não me tem, e a gente vai se perdendo, a cada por do sol e eu vou doando as estrelas a minha queda; ela vai servir como meu ultimo pedido. Como meu ultimo apelo, como minha ultima suplica.

Já se questionou o porquê, de eu ter de dizer sempre, “eu te amo”? Já percebeu que as falhas ruindo o seu peito, que dantes o que transbordava em amor colossal. Virou se tornou se não, ócios do oficio, palavras, tentando suprir uma ultima lacuna, talvez à de que tudo volte novamente? Já se perguntou de o porquê não estar vivendo, se hoje o sol brota calor pelo céu, pintado de azul, se hoje ao longe você avista uma miragem que é se não o mar? E é o amor, aquele mesmo, onde feridas são jorradas, manchando a branca água salgada, de um liquido já grosso, de um vermelho maça, que com muita dificuldade sai. Sai por teus poros, pelos olhos, sai metaforicamente, sai no invisível e não mancha a água, o ar com toda calmaria resguarda o líquido no seu ventre paciente e deveras intangível. E quem disse que amor não machuca? Estava por si só, jaz enlouquecido em tantos poemetos de quinta, creio eu. E só porque ele não perdura por uma eternidade, não desdiga que não é amor, está ai um belo paradoxo com que me pego sempre Amor X Dor, cabem numa mesma palavra, e ocupam lugares no mesmo espaço, e nada disso aqui é distinto, não mesmo, pelo menos o meu não sei o seu. Vou ser agora mais direto e menos poético, amar cansa, desgasta, descora feito móvel velho, tinge alguns dias de cores frias e outros dias de cores quentes.

Amar te envolve, te joga em algo, que parece sonho e por mais beliscões que houver você ainda continuara, acreditando com veemência é um “sonho!”. Amor; gosto de pensar que é uma rosa arrancada com toda rusticidade de uma roseira, uma rosa vermelha, com as pétalas carnudas e de um vermelho que chega doer aos olhos, mais espinhos lhe banham o talo, e lhe protege, mais como saber, que machuca, se estamos entregues ao belo cheiro entorpecente? Dor que a tal rosa lança sobre nossa alma, e quando damo-nos conta a dor vai sendo transferida aos poucos pelos dedos e num rápido recobramento de consciência vai se devastando feito bote feito veneno, a rosa cai ao chão despetalada, seus espinhos secam, e agora? Agora você pode pegar não lhe machuca mais, não ira mais lhe prover lagrima, mais agora é morte é termino, quer dizer, é partida é despedida, silenciando-se em menores saturações de cinza (enquanto o tempo passa).

(Vinicius Sousa)

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