06/12/2011

E não diga que não falei das flores e seus dissabores...



Falei das flores mais não me desfiz dos amores
Falei das flores mais não desdenhei seus ardores
Falei de cometas rasgando o céu
E comprometendo os nossos dedos com um anel

Falei sobre a “dor”, e ela sorriu como quem diz,
Você desvendou meu segredo, só você
Vi uma raça sendo aniquilada
Pela raça dominante, nesse vil e inconstante

Vi a menina dos pés pesados,
Alçar vôo, temendo e descrendo
E demente se conseguira ir, caiu
E demente se conseguiria ir, subiu
Voou, trepidou, o vento arrastou, o vento levou
E de nada adiantou, ela voou

Vi partidas, me rasgando os olhos de saudade
E apertando minhas cordas vocais
Como o silêncio sendo laço,
Prendendo um ramalhete de flores espinhosas

Vi a ferida murchar, e a dor cicatrizar,
Eu me vi morrer dia a dia,
E temer o sol do precipício
De onde o sol se ergue

Fitei um louco dizendo adeus
Vi um mendigo com a tez iluminada
Fiquei cego por três dias e reneguei ao pai
O galo cantou na alvorada do amanhecer

Abracei-me a fatos, querendo largá-los
Debulhei-me em nostalgias e, me entupi de saudades
Fui crente e descrente, fiz bruxaria com o amor
E do escapulário que velava eu toda noite, de hora em hora,
Todo o dia, de minuto a minuto, enlouqueci e morri

As rosas brancas, sob seu peito póstumo,
Foi se derretendo em meio à terra fofa
Do outro lado a espera é incessante, tudo aqui agora é sacrificante,
Eu mais uma vez morri, morta caminhado em vida,
Você não atravessou a ponte,
Quebrou-se com ela e caiu num mundo inconstante.

(Vinicius Sousa)




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