Falei das flores mais
não me desfiz dos amores
Falei das flores mais
não desdenhei seus ardores
Falei de cometas
rasgando o céu
E comprometendo os
nossos dedos com um anel
Falei sobre a “dor”, e
ela sorriu como quem diz,
Você desvendou meu
segredo, só você
Vi uma raça sendo
aniquilada
Pela raça dominante,
nesse vil e inconstante
Vi a menina dos pés
pesados,
Alçar vôo, temendo e
descrendo
E demente se
conseguira ir, caiu
E demente se
conseguiria ir, subiu
Voou, trepidou, o
vento arrastou, o vento levou
E de nada adiantou,
ela voou
Vi partidas, me
rasgando os olhos de saudade
E apertando minhas
cordas vocais
Como o silêncio sendo laço,
Prendendo um ramalhete
de flores espinhosas
Vi a ferida murchar, e
a dor cicatrizar,
Eu me vi morrer dia a
dia,
E temer o sol do precipício
De onde o sol se ergue
Fitei um louco dizendo
adeus
Vi um mendigo com a
tez iluminada
Fiquei cego por três
dias e reneguei ao pai
O galo cantou na
alvorada do amanhecer
Abracei-me a fatos,
querendo largá-los
Debulhei-me em
nostalgias e, me entupi de saudades
Fui crente e
descrente, fiz bruxaria com o amor
E do escapulário que
velava eu toda noite, de hora em hora,
Todo o dia, de minuto
a minuto, enlouqueci e morri
As rosas brancas, sob
seu peito póstumo,
Foi se derretendo em
meio à terra fofa
Do outro lado a espera
é incessante, tudo aqui agora é sacrificante,
Eu mais uma vez morri,
morta caminhado em vida,
Você não atravessou a
ponte,
Quebrou-se com ela e
caiu num mundo inconstante.
(Vinicius Sousa)
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