11/02/2012

Moments


Com a omissão nas mãos e os dedos ensangüentados, pra omitir a prova do crime eu limpei minhas mãos por baixo do vestido roubado, rodado e cheio de pétalas secas, agora a morte envolvia mais um figurante de uma peça barata chamada vida ela estava em cartaz e eu era o coadjuvante-Devaneio MEU.
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Os dias partem depressa, as cenas mudam de cores, constantemente, os arroubos na pele não escondem que algo dentro de você está em festa, que a saudade se acaba quando a alegria começa, os dias partem depressa, o amanhã corre como na velocidade da luz, pra cada momento de minha vida vejo uma musica sendo entoada, em diferentes momentos, dentro das minhas estações internas, tudo é tão límpido, é tão ríspido, é tão seco.

Toques de melancolia com uma voz feminina aguda ao fundo me remetem, me submetem a tempos em que se estar sozinho não faz parte do pacote, e consequentemente não é necessário, me lembrei agora ouvindo um solo de piano, ser eu uma das esculturas barrocas de Caravaggio uma escultura viva obrigada a posar pra que uma arte ali fosse ganhado vida, mas era só isso, era só a obrigação de estar ali, pois o meu rosto melancólico e meu corpo languido não escondiam, nada era singelo, a pureza veio retratada em um quadro de cores frias com um fundo escuro cobrindo os poucos detalhes que minha vida assim pedia. É tinha musica até para um dia de sol, onde os propósitos era esquecer o mundo lá fora, se desintegrar do corpo, e sair sanando as culpas interiores que vivemos colhendo por um ano inteiro.

E de súbito me lembrei de Pixinguinha nos acarinhado com sua musica que não sei qual, porque definitivamente não as conheço, mas esse nome veio à tona dizendo que eu poderia me lembrar que os dias de sol são assim, mas que o sol também é triste, que o verão guarda tristeza naquela brisa ensolarada e naquelas folhas ofegantes secando-se num curso natural.

É tanta musica pra pouca história, que algumas eu cheguei até mesmo a repetir, eram frases tão precisas que se encaixavam feito um quebra-cabeça, e em todos os dias não acontecia algo de novo toda hora, mas toda hora tudo era novo, e cabia a mim escolher a musica certa pra hora certa, não nego, as vezes falhava, e vezenquando um sorriso brotava de minha face, por saber que se o momento era deveras triste, e a musica era alegre, e então se errei não me culpava tanto assim. As tardes eram deliciosas e atrasava o relógio a seguir o curso. Não sei como, mas eu sorria por poder participar mesmo que só das partes que me fizeram inteiro, porque eu vim colhendo mais cacos que presentes, e disso me serviu pra que eu aprendesse que as musicas certas se encaixam também nas horas erradas.

(Vinicius Sousa)

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