11/02/2012


Rebuscando num tempo sem volta as várias esferas de um poeta sem teto, eu hoje me contento com um pão e um cobertor quente, “pelas barbas do profeta” como o tempo correu com o relógio, e o futuro se mirou no meu presente, como a seta atinge o alvo. Ser feliz só por feliz? Era como se pudesse andar mas sem respirar, como pode um ser sobreviver sem ar? Era esse o questionamento que me tomava o tempo de longas e intermináveis tardes, como posso ser somente feliz, se os mísseis estão a cair, se o beijo morreu longe da paz, se a criança pede colo e a mãe já não está mais ali? Era essas as questões que ficavam feito nuvem pairando sobre minha cabeça coberta por tempestades negras. Como posso dizer se sou isso ou aquilo, se até hoje o que eu vivi foi um projeto a frente do meu tempo? Em outra galáxia talvez? Ou apenas numa mente alienada? Que cansou tanto daquela melancolia de sábados e mais sábados ouvindo hurt e tentando se afogar na banheira, que um dia resolveu ser feliz dentro de uma bolha, sem expressão facial, nenhum tipo de gestos, apenas um sorriso engessado com uma máscara de flandres que corria por todo o rosto, o cobrindo, e por trás era tudo tão escuro e o sorriso estava despedaçado e tudo estava tão morno, e a vida estava tão quieta e perfeita. Havia algo de podre ou muito sujo no meu mundo, que sob lentes vencidas de seis graus me negava a enxergar que podia sangrar também, e no findar de uma hora qualquer sorrir por simplesmente viver, de uma forma humana, cercado dos erros, das atrocidades que o mundo engolia, feito poeira espacial que ao invés de ser sugada para um buraco sem fundo, nos sufoca.

Íamos certa vez devanear sobre saudades, e como eu faria pra ver quem eu perdi do outro lado sem ir embora? A lisérgica viagem e o uso excessivo de drogas misturadas a remédios, enganavam os cortes superficiais e internos de uma alma desacreditada e de um corpo largado, sobre qualquer possibilidade significativa de volta, “quem se foi não voltava, quem morria ia, quem ficava só se abalava, despedaçava”, (Se abatia ainda mais), tentando reconstruir e dar um novo sentindo a vida de onde nós paramos em quanto à vida não parou por nós, na metade do caminho as interrogações nos atropelavam com seus carros cheios de duvidas, e nós nos questionávamos será? Será que devemos voltar do ponto onde tudo começou? Não?! Ia ser como andar prá trás, ia ser duas mortes e fosse lá quem fosse mesmo não estando aqui certamente se estivesse iria se sentir culpado.

Então a melhor opção era seguir em frente, vendo o sol se por a cada dia, e o dia passando, e quem mais gostamos não voltando, então era à hora de economizar as lágrimas que desperdiçamos por uma boa causa, mas que nesse momento só ia mofando o que em decomposição já estava, tínhamos um caminho, qual era mesmo? Eu ainda me faço esse pergunta e dentro dela aparecem tantas respostas, algumas fundamentadas e outras nem tanto, eu poderia culpar tanta gente, mas resolvi não culpar, porque antes de apontar o dedo eu já havia também sido apedrejado. Então a história era a seguinte, eu tirei meu cérebro pra lavar, e na vil insensatez fui viver num projétil à que eu designei “perfeito”, uma casa grande, uma família grande, um cão de guarda, um condomínio classe média, mesmas vontades, mesmos interesses, mesmos sorrisos, mesmas expectativas, que um dia me assombrou e me mostrou que eu ia ter de sair dessa inércia que eu havia me enterrado por (n) motivos, por muitos problemas, por uma infinidade de desgostos, mas afinal, quem não tinha problemas? Em meio a seis bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo, eu era só mais um egoísta que se recusou a viver desde então, com medo do que a vida lhe guardava.

(Vinicius Sousa)

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